Diário do Mercado da 6ª feira, 23.12.2016
Semana encerra com viés otimista: Dados de crédito surpreendem positivamente e dólar em tendência de queda
Resumo do dia.
Com um perdurante ânimo por conta das medidas governamentais na véspera, além de fluxo positivo de capital externo ao mercado brasileiro, bem como pela surpresa positiva do dados do mercado de crédito, o mercado doméstico findou a semana com um viés de alívio.
Especialmente refletido no dólar – que teve a quinta queda consecutiva nesta sexta-feira – tal ânimo se opõe ao receio de que a retomada econômica ocorra em ritmo aquém do esperado.
Entendemos, no entanto, que o movimento calca-se na descompressão inflacionária vista ao longo da semana, com a divulgação do IPCA-15 menor do que o previsto, o que pavimenta maiores apostas em uma redução da Selic nas próximas reuniões do Copom.
Para a última semana do ano, esperase uma agenda econômica de pouco peso, exceto pelo resultado primário do governo, no dia 27, e pelo IGP-M, no dia 29. O mercado monitorará também o Relatório Focus do Bacen na segunda-feira, e o possível impacto do IPCA-15 nas novas projeções dos analistas.
Mercado de Ações.
Em um dia de reduzida liquidez, o índice Bovespa (IBOV) operou em trajetória ascendente ao longo de toda a sessão, favorecido pela performance das empresas do setor financeiro, que refletiram por sua vez à divulgação de dados favoráveis do mercado de crédito pelo Bacen. Ao final do pregão o benchmark findou aos 57.937 pontos (+1,19%), e movimentando no mercado à vista, preliminarmente, R$ 3.873 bilhões.
O movimento positivo desta quinta foi influenciado por uma melhora pontual no cenário doméstico, já que a bolsa brasileira operou descolada do mercado norte-americano, que permaneceu em torno da estabilidade. No acumulado do mês de dezembro, o saldo de capital externo à bolsa brasileira soma atualmente R$ 1,03 bilhão.
Agenda Econômica.
O destaque ficou por conta dos dados de crédito do SFN, divulgados pelo Bacen. Nele, os dados surpreenderam ao contrariarem – em um movimento que consideramos pontual – a atual tendência de crédito mais restrito e elevação da inadimplência e dos spreads.
A carteira de crédito, que mostrou retração por seis meses consecutivos, subiu 0,3% em novembro ante outubro, atingindo 3,10 trilhões de reais. A inadimplência, por sua vez, viu uma melhora em todos os segmentos (PF e PJ), bem como nos créditos livres e direcionados.
Os spreads também contrariaram a tendência e arrefeceram 40 pontos-base, chegando a 23,5%. Em nossa visão, os dados, embora vistos como positivos pelo mercado, não sugerem retomada do mercado de crédito, pois podem estar influenciados por uma demanda reprimida oriunda da greve dos bancários nos meses de setembro e outubro, cujo término levou a um movimento de ajuste em novembro, o que pode distorções.
Em termos de expectativas, vislumbramos um ponto de inflexão no mercado de crédito, neste momento, para meados do 2T17 e reforçamos nossa visão de que a retomada econômica, em oposição às outras crises mais recentes, não terá como pano de fundo a expansão do crédito bancário.
Também internamente, a confiança do consumidor (FGV) de dezembro reitera a postergação da melhora do cenário econômico ao cair 5,8 pontos em dezembro ante novembro, recuando para 73,3 pontos, o menor patamar desde o mês de junho.
Juros.
Com diversos operadores já em folga de final de ano, a sessão da sexta-feira foi marcada pelo fraco volume, tendo os diversos vencimentos finalizado o dia majoritariamente em estabilidade.
Dólar e CDS.
Seguiram os indícios de entrada de recursos estrangeiros e desmonte de posições vendidas no mercado futuro, o que levou o dólar spot a mais uma queda perante o real, favorecido pelos dados de crédito favoráveis divulgados pelo Bacen.
Ao término da negociação, a paridade fechou a R$ 3,2717 (-0,80%). O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) fechou em 283 pts na sexta-feira, inalterado ante a véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 23.12.2016, elaborado por Rafael Reis, CNPI-P, do BB Investimentos